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Obesidade aumenta a incidência de câncer de mama

global_diseases_franHá muito se sabe que o excesso de peso está associado ao risco de desenvolver diabetes, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares como infarto do miocárdio e derrame cerebral, enfermidades reumatologias e outras patologias; agora, sabemos que aumenta também o risco de certos tipos de câncer. Pela alta incidência na população, o câncer de mama é o mais importante deles, uma vez que, em cada oito a nove mulheres, uma receberá esse diagnóstico ao longo da vida.

Uma das ações do estrógeno e da progesterona é estimular a proliferação das glândulas mamárias. É porque os ovários começam a produzir maiores quantidades desses hormônios que as mamas das meninas crescem na puberdade. A administração continuada de hormônios femininos exerce o mesmo efeito até em homens, como demonstram os seios de alguns travestis.

As mulheres que ganham peso excessivo já na vida adulta e chegam obesas à menopausa têm risco de desenvolver a doença de 1,5 a 2 vezes maior. Uma análise crítica de oito estudos recentes mostrou que, para cada oito quilos a mais nessa fase da vida, o risco de câncer de mama aumenta 18%.

O que têm a ver os seios com a gordura? A gordura não é um simples depósito para armazenar energia a ser queimada na época das vacas magras?

Hoje, está demonstrado que o tecido gorduroso exerce funções bem mais complexas. Ele participa do controle hormonal de forma tão ativa que os especialistas o consideram parte importante do sistema endócrino.

Com a chegada da menopausa, os ovários param de fabricar hormônios sexuais, mas o organismo feminino encontra caminhos alternativos com a finalidade de obter o estrógeno necessário para manter funções como preservar a integridade das mucosas genitais e da massa óssea, por exemplo. O mais importante deles chamado de aromatização acontece justamente na intimidade do tecido gorduroso.

Na mulher obesa em menopausa, quando o tecido mamário deveria gozar o merecido repouso, a aromatização ocorrida na gordura em excesso formará quantidades mais altas de estrógeno que estimulam a proliferação das glândulas mamárias, aumentando a probabilidade de surgirem células malignas resultantes de erros no processo de divisão celular.

Da mesma forma, a prática de atividade física pode reduzir a incidência de câncer de mama. Está provado que o exercício altera os ciclos menstruais e a exposição cumulativa do tecido mamário aos hormônios femininos. Atividade esportiva extenuante pode retardar o aparecimento da primeira menstruação e causar atrasos menstruais. Durante a adolescência, mesmo a atividade física moderada pode alterar a fisiologia ovariana a ponto de suspender a ovulação.

Mulheres que praticam pelo menos quatro horas de atividade física semanal durante os anos de vida reprodutiva têm risco 60% mais baixo de desenvolver câncer de mama do que as sedentárias. Nas que já atingiram a menopausa, a prática de exercício físico também reduz a incidência dessa enfermidade por causar diminuição dos níveis de estrógeno e da massa gordurosa. Não está claro, no entanto, se a prática recente de atividade física protege mais ou menos do que a atividade cumulativa no decorrer da vida.